Aflitos: Por toda parte
haveremos de encontrá-los. As aflições ganham conotações mais amplas para
aqueles que têm o conhecimento da Doutrina Espírita, haja vista que com esse
conhecimento, passamos a entender o porque das aflições vivenciadas nessa
reencarnação.
Causas Atuais Das Aflições
Têm origens diversas: Umas têm
sua causa na vida presente e outras fora desta vida.
Na Vida Presente
O homem é, em grande número de
casos, o autor de seus próprios infortúnios. Mas, em vez de reconhecê-lo, acha
mais simples e menos humilhante para a sua vaidade acusar a sorte, a
Providência, a falta de oportunidade etc.
Kardec nos diz que: - Remontando
à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos desses males são
consequências naturais do caráter e da conduta daqueles que sofrem.
Quantas pessoas são vítimas de sua
imprevidência, de seu orgulho, da sua falta de organização ou ainda por não
limitar seus desejos?
E, se há males nesta encarnação de que o homem
é a própria causa, existem também outros que, pelo menos em aparência, são estranhos
à sua vontade e parece o atingir por fatalidade. Como o desencarne repentino de
entes queridos; os flagelos naturais; as deformidades; a idiotia etc. Os que
nasceram nessas condições nada fizeram seguramente nesta vida para merecer tão
triste sorte.
NÃO PODEMOS NOS ESQUECER DE QUE
TODO SOFRIMENTO TEM UMA CAUSA. Portanto essas misérias são efeitos de uma
possível causa em vidas passadas. E, sem dúvida trata-se frequentemente de
simples provas escolhidas pelo Espírito, para acelerar seu adiantamento. É nas
diversas existências corpóreas que os Espíritos se livram, pouco a pouco, de
suas imperfeições.
As provas da vida nos fazem progredir quando
bem suportadas. Deus nos deu, para melhorarmos, justamente o que necessitamos e
nos é suficiente: além da voz da
consciência que nos alerta quanto às nossas tendências instintivas.
Se, no auge de vossos mais cruéis
sofrimentos louvardes ao Senhor, o anjo de vossa guarda vos mostrará o caminho. Algumas pessoas pensam; uma vez que se está
na Terra para expiar, é necessário que as provas sigam o seu curso.
Não digais, portanto, ao ver um
irmão ferido ou em sofrimento; é a justiça de Deus, é necessário que siga o seu
curso, mas dizei, ao contrário; vejamos que meios nosso Pai Misericordioso me
concedeu, para que eu possa aliviar o sofrimento de meu irmão.
Estamos todos na terra para
expiar e reparar nossas faltas. Devemos fazer todos os esforços para aliviar as
dores dos nossos irmãos, segundo a lei do amor e caridade, sem isso, não temos
como crescer para Deus.
Por que uns sofrem mais do que os
outros?
Por que nascem uns em ambiente de
extrema miséria sem oportunidade de uma vida digna e outros nascem na riqueza c
om todas as oportunidades nas mãos?
Por que uns se esforçam e nada conseguem,
ao passo que para outros tudo sorri?
Por que sofrem criancinhas?
Sendo Deus Bom e Justo, por que
as diferenças?
Uma das grandes questões existenciais
sempre foi nosso desejo em compreender o porquê do sofrimento. Pelo
desconhecimento de suas causas, milhões de pessoas se revoltam, se desesperam,
entram em depressão, vivem com medo e tantos outros sentimentos negativos.
Por estas palavras: Bem- aventurados
os aflitos, porque serão consolados,
Jesus indica, ao mesmo tempo, a
compensação que espera aqueles que sofrem, e a resignação que faz abençoar o
sofrimento como o prelúdio da cura.
Para se falar nas causas do
sofrimento é necessário compreendermos algumas coisas, tais como:
Qual a finalidade da Terra no
esquema divino?
Explicam os espíritos superiores
em O Evangelho Segundo o Espiritismo que nosso mundo não abriga toda a humanidade,
mas apenas uma pequena fração dela, desde que a espécie humana compreende todos
os seres dotados de razão que povoam os inumeráveis mundos do universo. Que se
figure a Terra como sendo um subúrbio, um hospital, uma penitenciária, uma
região malsã, porque ela é ao mesmo tempo tudo isso, e se compreenderá por que
as aflições sobrepujam as alegrias, pois não se enviam a um hospital as pessoas
sadias, nem às casas de correção aqueles que não fizeram o mal; e nem os hospitais,
nem as c asas de correção são lugares de prazeres.
Ora, da mesma forma que, numa c
idade, toda a população não está nos hospitais ou nas prisões, toda a humanidade
não está sobre a T erra. “Como se sai do hospital quando se está curado, e da
prisão quando se cumpre o tempo, o homem deixa a T erra por mundos mais
felizes, quando está curado das suas enfermidades morais". Isso esclarecem
os espíritos.
Todo efeito tem uma causa.
"Em virtude do axioma de que
todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa
e, desde que se admita um Deus justo, essa causa deve ser justa. Ora, a causa
precedendo sempre o efeito, uma vez que não está na vida atual, deve ser anterior
a ela, quer dizer, pertencer a uma existência precedente. Por outro lado, Deus
não podendo punir pelo bem que se fez, nem pelo mal que não se fez, se somos
punidos, é porque fizemos o mal; se não fizemos o mal nesta vida, o fizemos
numa outra. “É uma alternativa da qual é impossível escapar, e na qual a lógica
diz de que lado está a justiça de Deus".
Concluímos que não existe
sofrimento sem causa e também que todo sofrimento é uma prova, um teste de
resistência às nossas próprias fraquezas morais, para comprovarmos, assim, nossa
aptidão à superação de nossas limitações.
Toda expiação é prova, mas nem
toda prova é expiação.
Mas ainda nessa questão da compreensão
das causas do sofrimento é importante entendermos que nem todo sofrimento tem
suas raízes no passado, mas em muitos casos, na presente existência.
Dizem os espíritos: "Entretanto,
não seria preciso crer que todo sofrimento suportado neste mundo seja,
necessariamente, o indício de uma falta determinada. São frequentemente,
simples provas escolhidas pelo Espírito para ac abar sua depuração e apressar seu
adiantamento". O que significa dizer: passamos por determinadas situações
em que somos submetidos a comprovar nossos valores. São situações de testes, às
quais, na maioria das vezes, fracassamos, contrariando nosso projeto pessoal de
elevação anteriormente estabelecido, ainda no plano espiritual, antes de reencarnarmos.
Prosseguem: "Assim, a expiação
serve sempre de prova, mas a prova não é sempre uma expiação; mas provas ou
expiações, são sempre sinais de uma inferioridade relativa, porque o que é
perfeito não tem mais necessidade de ser provado".
Pelo despojamento de nossas
imperfeições nos livraremos do sofrimento.
Os espíritos expõem a Kardec a
trajetória da alma humana em seu processo de despojamento de suas imperfeições
e, consequentemente, de seus sofrimentos: "Os espíritos não podem aspirar
à felicidade perfeita senão quando são puros. Toda mancha lhes interdita a
entrada nos mundos felizes. Tais são os passageiros de um navio atingido pela
peste, aos quais a entrada de uma c idade é interditada até que estejam
purificados. É nas suas diversas existências corporais que os espíritos se
despojam, pouco a pouco, de suas imperfeições. As provas da vida adiantam,
quando bem suportadas. Como expiações, elas apagam as faltas e purificam. É o
remédio que limpa a chaga e c ura o enfermo. Quanto mais grave é o mal, mais o
remédio deve ser enérgico. Àquele, pois, que sofre muito deve dizer- se que tem
muito a expiar, e regozijar- se de ser logo curado. “Depende dele, pela sua
resignação, tornar esse sofrimento proveitoso, e de não perder- lhe os frutos
pelas lamentações, sem o que estaria por recomeçar".
Kardec concluiu: "Por estas palavras: Bem- Aventurados
os Aflitos, porque serão consolados, Jesus indica, ao mesmo tempo, a compensação
que espera aqueles que sofrem, e a resignação que faz abençoar o sofrimento como
benção de cura".
Assim, temos que no capítulo 5 do
Evangelho “Bem Aventurados os Aflitos” a abrangência ampla de nossas dúvidas
sobre o sofrimento (seja físico, moral, intelectual ou social), e onde também
nos fala da felicidade e da plenitude mesmo em um mundo de expiação e provas o fortalecimento da coragem e, sobretudo da resignação e fé.
Quanto às faltas desta existência,
a lei humana pune algumas, mas não todas. Ela incide principalmente sobre as
que trazem prejuízo à sociedade e não ao próprio indivíduo que a pratica. Há
ainda os crimes ocultos e as criminosas
omissões. Muitas vezes nós praticamos a delinquência, mas conseguimos escapar
das punições humanas porque não houve provas suficientes, ou porque certas
faltas não são previstas no código penal, ou porque a crueldade e a ingratidão
foram praticadas dentro do lar, não havendo denúncia. Isso não ocorre com a Justiça Divina porque esta incide sobre todas as
faltas.
No livro “O Céu e o Inferno”
Allan Kardec resume a questão do sofrimento humano numa única frase: “O sofrimento
é inerente à imperfeição”. Toda imperfeição, e toda falta que dela decorre,
traz o seu próprio castigo nas suas consequências naturais e inevitáveis, como
a doença decorre dos excessos, o tédio da ociosidade, sem que haja necessidade
de uma condenação especial para cada falta e cada indivíduo. Quem, de boa
vontade, corrige suas próprias imperfeições, poupa a si mesmo do sofrimento que
decorre dessas imperfeições. “A cada um segundo as suas obras, tanto no céu como
na terra” .
Ao analisar a dor humana é preciso
lembrar também aqueles sofrimentos que não denotam a existência de determinada
falta. São as provas buscadas pelos espíritos para concluir sua depuração e
acelerar o seu progresso. Em doutrina espírita, uma expiação sempre serve de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação,
embora ambas sejam atestado de uma relativa inferioridade.
Há ainda o sofrimento dos missionários,
que sofrem pela incompreensão das criaturas a quem desejam ajudar.
De qualquer forma, o sofrimento
que não provoca queixumes constitui já uma prova de forte resolução, o que é
sinal de progresso moral.
Há espíritas ainda muito imaturos
que esperam pela intervenção dos espíritos protetores, pedindo-lhes a
remoção do sofrimento. Para esses, Emmanuel, comentando essa postura, na qual compara a atitude dos espíritos benfeitores
diante do nosso sofrimento com a atitude de mães, pais, esposas e filhos que
amam verdadeiramente aqui na Terra e são obrigados a bendizer instituições como
o manicômio para que os filhos não passem da loucura à criminalidade confessa,
ou o hospital onde será amputado um membro do ente querido a fim de que a
moléstia não abrevie a sua existência; obrigados a concordar com o cárcere para
que seus queridos não se afundem mais na delinquência ou a carregar os pais
portadores de doenças infectocontagiosas para casas de isolamento a fim de que
não se convertam em perigo para a comunidade. Todos eles continuam mentalmente ligados
aos seres que mais amam, orando e trabalhando para que eles possam voltar ao
seu convívio. Tal é a postura moral dos espíritos protetores que não podem
afastar nosso sofrimento, quando esse é o nosso remédio justo. ( Justiça
Divina)
A todos nós que sofremos fica a comparação de
Emmanuel: Nos dias cinzentos, frios, chuvosos, com o céu carregado de nuvens
escuras e ameaçadoras, raramente nos lembramos de que, acima de todas as
nuvens, brilha o Sol. Do mesmo modo, o amor divino brilha e paira sobre todas
as dificuldades. Ao invés de revolta e desalento, ofereçamos paz ao companheiro
que chora, para que o bem prevaleça sobre todo o mal.
A Terra é um planeta de expiações e provas e
os espíritos que nela reencarnam em sua maioria, são imperfeitos e, pôr isso,
sujeitos a cometer erros. Em um planeta como esse, o mal predomina sobre o bem.
A Doutrina Espírita nos esclarece sobre o
assunto, fundamentados na reencarnação, livre- arbítrio e na lei de causa e
efeito.
Cada existência é planejada, no
Mundo Espiritual, antes da nossa reencarnação. A duração da existência, saúde,
doenças, riqueza, pobreza fazem parte desse planejamento. E todos os espíritos
aqui reencarnam com o objetivo de progredir, de só fazer o bem e de resgatar as
dívidas contraídas em outras existências. E pelo esquecimento do passado podem
desviar-se dos rumos traçados no Mundo Espiritual, abandonando os planos de
trabalhar pelo próprio aperfeiçoamento e desviar-se para o caminho do mal se
não segue as sugestões dos bons espíritos. Os espíritos mais imperfeitos correm
maior risco de cometer tais desvios, enquanto os que já conquistaram certas
qualidades costumam cumprir os planos traçados antes da reencarnação.
Deus não intervém. Deixa que suas
leis se cumpram no momento oportuno.
Allan Kardec nos esclarece:
"A prosperidade do mau não é
senão momentânea, e se o Espírito não expia hoje, expiará amanhã, ao passo que aquele
que sofre, está expiando o passado" (O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. V, item 6) .
Fica claro que o Espírito,
utilizando o livre arbítrio que Deus concede a todos, traça a sua trajetória de
grandes sofrimentos no futuro, ou de aprendizado, lutas e sofrimentos ou felicidade
no futuro.
Então concluímos que:
- se sofremos é por ignorância ou rebeldia,
ficamos em débito com a Lei Divina, seja nesta ou em vidas anteriores;
- fomos criados para a felicidade
completa, a qual só a conheceremos quando formos perfeitos, mas, para que isso
aconteça necessitamos de sucessivas reencarnações, através das quais nos
depuramos, reajustando nosso espírito, reajuste este que se dá por meio das
provas e expiações, dos sofrimentos e dores, forma pela qual os vivenciamos.
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