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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

ACONTECEU NA CASA ESPÍRITA 4

 Cedendo à Tentação

— Daniel, Daniel.
— Estou aqui, senhor!
- Quero que você acompanhe Gonçalves até a Casa de Márcia Boaventura.
— A coordenadora do atendimento fraterno? Perguntou o servo de Mamom.
— Ela mesma, desejo saber como anda este caso.
— Se lhe interessa, senhor, informou Gonçalves, nosso plano deu resultado, pois Márcia já faltou duas semanas consecutivas.
— Ótimo, contudo, não deem descanso. Daniel, este serviço é muito importante, aja sobre o Sr. Boaventura com todo seu magnetismo e ideias fanáticas.
A esta altura ele deverá estar comprometido financeiramente, doando suas economias para os cofres de Mamom. Precisamos eliminar Márcia do serviço cristão. Vocês terão oito semanas de atuação junto ao marido dela. Torturem-no, instruam-no durante o sono, para impedir a qualquer custo o comparecimento da esposa na Casa Espírita. Vão e não falhem!

Tomadas as devidas providências, Júlio César voltou para a cidade sinistra com objetivo de convocar novos servidores para intensificar o processo de infiltração, deixando Elvira coordenando o restante das atividades.

A preposta de Júlio César não perdeu tempo. Acompanhando Soraia Barreto, iniciou o processo de fascinação fazendo com que, durante toda semana, a imagem de Sérgio Queiroz lhe invadisse a mente, inspirando-lhe as mais terríveis fantasias.
Sob interferência de Elvira, sentia-se completamente apaixonada, não conseguindo pensar em outra coisa.
Na semana seguinte, a médium, durante a reunião, não apresentou condições de trabalho espiritual e, sob forte atuação da entidade inferior, trocava olhares com o dialogador que, estimulado pela adversária, correspondia aos anseios da intérprete perturbada.
Ao iniciar a reunião, Sérgio Queiroz aproximou-se de Soraia Barreto, para a tarefa de atendimento espiritual. Elvira envolveu a médium estimulando-a para a fraude e, no auge da inconsequência, a intérprete fraudou uma comunicação, aproveitando para fazer uma demorada declaração de amor ao dialogador.
Os membros da reunião começaram a notar, pois as trocas de olhares eram significativas, e, após esta triste “comunicação”, ao término da reunião, as mentes desejosas em cuidar da vida alheia captaram o desejo oculto da médium e do dialogador, espalhando ao final, por todo o Centro, os novos acontecimentos.
Encontrando-se nos corredores, certas pessoas invigilantes, estimuladas pelos servidores de Júlio César, espalhavam o vírus da fofoca.
Uma pessoa, que fazia parte da reunião onde os candidatos ao adultério laboravam, dizia em segredo a outra criatura:
— Para mim, foi puro animismo. Claro que ela deseja ter um relacionamento.
— E será que ele corresponderá? Mas não são ambos casados? Vou me queixar ao dirigente. Eu conheço a mulher dele, coitada, ela precisa saber!
E se espalhavam pela Casa, entre as mentes invigilantes, comentários descaridosos como estes:
— Você não sabe o que está acontecendo na minha sala!
—O quê?
— Uma senhora de nome Maria Souza acha que é médium de cura!
— Não diga!
— Já tem fila para tomar passe com ela!
— Não acredito!
— E ainda tem mais, o mentor dela se comunica dizendo que é médico e quer fazer cirurgia espiritual. Para mim, é pura fraude.
— E eu, não te conto a última. Estão todos comentando. Conhece um tal de Sérgio Queiroz?
— Sérgio... Queiroz? Como ele é?
— Alto, forte, conversador...
— Ah, sim! Agora me lembro, às vezes ele faz diálogos na minha sala.
— Pois é, está todo mundo dizendo que ele está tendo um caso com a Soraia Barreto.
— Que horror! E seu dirigente o que diz?
— Conversei com ele em particular, mas se recusa a tomar qualquer providência, dizendo que primeiramente é preciso orar e confiar nos amigos espirituais. E que, se for preciso, conversará em particular e de forma absolutamente discreta com os envolvidos neste caso. Me pediu sigilo e eu só estou contando para você, que é a pessoa que mais prezo aqui dentro. Mas não acho seja essa a melhor solução. Eles deveriam afastar esses dois do trabalho. Onde se viu, que pouca vergonha...
Outros comentavam ainda:
— Dizem que a Márcia Boaventura, aquela coordenadora do atendimento fraterno, está tendo problemas.
—Quais?
— Parece que o marido entrou para uma seita fanática e a está proibindo de vir ao Centro.
- Hum! Logo ela que era tão certinha, não admitia conversas no corredor, sempre zelosa com o silêncio e o respeito. Ah! É até bom. Essas pessoas muito eficientes, no fundo são recalcadas.
Quero ver, agora, como é que ela vai fazer? E o melhor, quero ver quem é que vai substituí-la?
— Bem faço eu, que não assumo nenhuma tarefa, não me estresso, não tenho de me preocupar com nada e não incomodo meus familiares. O que adianta servir no Centro e criar desarmonia em casa?
Melhor mesmo é não se envolver com nenhum serviço voluntário.
— Outra coisa que estão comentando, continuou a língua afiada, é sobre certas mudanças nas atividades mediúnicas e doutrinárias. Penso que Castro e Israel já estão ultrapassados, precisamos mesmo de ideias novas, de sangue novo. O pessoal fica nesse marasmo, não se agitam. Queremos novos estudos científicos, a ciência é que deve ser, na minha opinião, exaltada, afinal estamos rumando para o futuro, precisamos de mentes eruditas, de pessoas intelectuais para dirigir nossa instituição...

E os comentários eram realizados indiscriminadamente.
Elvira divertia-se e a Casa Espírita, aos poucos, era tomada pela maledicência.

Os amigos espirituais, prevendo o pior, promoveram conversa edificante no plano espiritual, aproveitando o desdobramento, por ocasião do sono, de Soraia e Sérgio.
Diante de respeitável entidade os dois sentiam-se envergonhados.
O espírito amigo, porém, compreendendo-os intensamente, iniciou a
orientação:
— Caríssimos irmãos, compreendemos que na Terra temos de enfrentar dificuldades e problemas, dores e angústias, entretanto, não nos faltam os momentos de alegrias e aprendizado que significam bênçãos no caminho.
Vocês são felizes por poderem compartilhar da tarefa de uma respeitável Casa Espírita. Passaram pelos cursos de conhecimentos básicos e, por isso, não desconhecem o processo de obsessão. Por não vigiar os próprios sentimentos estão sendo vítimas de graves adversários espirituais.
— Mas ainda não aconteceu nada, disse Sérgio.
— É por isso que estamos dialogando a tempo, solicitando a vocês que evitem a qualquer custo se envolverem.
Ambos trazem compromissos sérios na área do casamento e vão se perder por se renderem aos instintos desequilibrados?
A união matrimonial representa um avanço para a humanidade, além de ser, na grande maioria, o resultado de programação realizada na vida do infinito.
Ao se entregarem à delinquência das forças sexuais, haverão de se comprometer muito espiritualmente, e vocês conhecem a Doutrina Espírita que nos esclarece bem a respeito.
Além disso, estão sendo estimulados por adversários, que os estão explorando a fim de atingirem nossa Casa Espírita!
Por isso, meus amigos, pensando na felicidade de vocês, atendam às lições evangélicas, digam não ao adultério.
Soraia, minha filha, valorize seu esposo!
Sérgio, meu filho, pratique a fidelidade junto ao anjo que o Senhor lhe concedeu na condição de esposa!
Se desejarem vencer no caminho, convém lutar contra as más tendências. Contem com nosso apoio, busquem-nos através da prece.
Lembrem-se de que seremos responsáveis por todo mal que poderíamos evitar e não evitamos!
Retornem, agora, na certeza de que Deus é por nós, sempre!
Pela manhã, Sérgio Queiroz acordou lembrando-se parcialmente da advertência.
Os adversários, contudo, não lhe davam tréguas, explorando suas tendências, fascinando-o dia a dia, colocando-o em grande período de provação.
Na semana seguinte, quando o grupo fazia pequena confraternização, deixando-se vencer pela influência dos adversários, Soraia e Queiroz declararam-se um ao outro, decidindo, naquele momento, fugir para verdadeira aventura, perdendo-se completamente no caminho, abandonando as tarefas espíritas, comprometendo-se muito espiritualmente.
E, porque não foram nem um pouco cuidadosos nos comentários, certas criaturas descaridosas ouviram e, após a saída dos companheiros moralmente enfermos, a notícia se espalhou qual relâmpago destruidor.
Durante dias, uma onda de fofoca e reclamações invadiu a Casa, vários departamentos apresentavam probleminhas, a intolerância estagiava entre muitos dirigentes.
Os amigos espirituais, entendendo que era o momento correto para agir, preparavam-se para interferir o quanto possível.
Os departamentos doutrinários já desenvolviam falhas significativas. O atendimento fraterno, por exemplo, sem a presença organizadora de Márcia Boaventura, prosseguia de maneira muito deficiente. Outros cooperadores dedicados faziam o possível para acolher, com a mesma competência, os que chegavam pela primeira vez na instituição ou àqueles desejosos de uma palavra amiga, seguida da orientação espírita.
Não faltavam, porém, os invigilantes perturbando o serviço. Sequiosos por cargo disputavam a organização das entrevistas, quais representantes do orgulho em uma empresa do mundo. Esqueceram de que os candidatos a comandar o trabalho do bem devem, primeiramente, se esforçar por comandarem a si mesmos.
Castro começava a se preocupar. Para ele, o trabalho das entrevistas era muito importante, porque representa as boas-vindas da Casa Espírita aos que estão chegando, desejosos em conhecer o Espiritismo ou necessitados de orientação espiritual.
Todos os dias, recebia reclamações, notava a fascinação instalada em certos grupos mediúnicos. O caso Maria Souza lhe atormentava a consciência, além das perturbações geradas por Sérgio e Soraia.
Israel igualmente recebia dezenas de queixas acerca dos grupos e dos trabalhadores em desequilíbrio. E mergulhando em profundas reflexões, sob inspiração superior, deduziu ser preciso providências urgentes a fim de esclarecer os companheiros em jornada. Para isso, aplicaria um estudo exaltando, no Centro, o que é uma Casa Espírita, seus valores, objetivos e finalidades, além da pureza doutrinária, bem como as funções dos trabalhadores, relembrando os preceitos do homem de bem.

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