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segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

ACONTECEU NA CASA ESPÍRITA 3

   Estimulando a Vaidade

O plano de Júlio César fora muito bem executado! Clodoaldo conseguira convencer Boaventura, que permanecia inebriado pelas novas informações recebidas.

Os adversários da paz comemoravam!

Júlio César, conversando animadamente com o capataz, informou:

-  Pronto! Só nos resta aguardar, a semente foi lançada e a terra é muito boa.

Boaventura, de retorno ao lar, haverá de infernizar nossa “querida” Márcia, efetuando a discórdia, retirando, naturalmente, a esposa do equilíbrio, O marido fanático haverá de massacrá-la, destruindo lhe, pouco a pouco, a disposição para trabalhos espíritas. A tarefa do atendimento fraterno perderá uma de suas melhores cooperadoras!

- E agora, mestre? Perguntou Gonçalves, desejando saber dos planos íntimos do mentor das sombras para a continuidade do processo de infiltração.

- Agora, meu caro, cabe-nos verificar os grupos de assistência espiritual!

- Mas, vamos abandonar o caso Márcia Boaventura? Questionou o servo da maldade.

- Não abandonaremos este processo, simplesmente precisaremos dar tempo ao tempo para que a semente do fanatismo, plantada na mente de Boaventura, germine; mais tarde retornaremos à residência da coordenadora do atendimento fraterno para as devidas verificações. Esta operação, meu querido, requer muita paciência. Todo cuidado é pouco, a organização e a cautela são a alma deste empreendimento. Toda infiltração começa pequena, quase imperceptível, para, depois, ganhar volume causando dor, destruição ou, pelo menos, inúmeros Prejuízos!
Caminhando lentamente ao lado do comparsa, com uma das mãos tocando a fronte, como que recapitulando os próprios pensamentos, Júlio César informou:

- Nossas atenções, doravante, estarão voltadas para os grupos de fluido terapia. Deveremos fazer surgir entre eles a concorrência e a disputa!

- Mas, senhor, perguntou o secretário da maldade, como é que conseguiremos penetrar no Centro Espírita? Não dispomos de autorização. Como iremos romper as barreiras protetoras do Centro? Como faremos para despistar os mensageiros da luz...

- Chega! Chega! Gritou o mandante. Não vê que me perturba com tantos questionamentos?

Ora! Como vamos entrar? Aproveitaremos os desequilíbrios humanos, as brechas, como o orgulho, a mesquinhez, o desejo de mando, a vaidade etc., etc., etc.

Enquanto você marca os passos, eu já recebi valoroso relatório dos nossos comandados que permanecem junto de muitos tarefeiros encarnados. Eles têm livre acesso na Instituição, por serem acompanhantes usuais dos tarefeiros do Centro que não vivem a mensagem cristã, que fazem parte dos grupos de fofoca, dos que são sempre do contra, daqueles que desejam reformar tudo e nunca estão satisfeitos com nada!

Identificamos, em três grupos, passistas que nutrem desejo ardente em desenvolver a faculdade de cura. Acreditam ser especiais, embora suas tendências para o fanatismo permaneçam controladas pela organização e o estudo doutrinário esclarecedor, contendo certas ideias. Não possuem, nem de longe, a raríssima faculdade de curar instantaneamente as enfermidades.

- Mas e aí? Perguntou Gonçalves.

- Aí, meu amigo, nós vamos dar a eles a faculdade de cura!

- Como assim?

- Simples! Aproveitando a brecha de inúmeros tarefeiros, penetraremos na instituição. Dos assistidos que adentrarem a sala de passe e estiverem sob um processo obsessivo, e ainda, se esses obsessores fizerem parte de nossa extensa falange, solicitaremos que se afastem momentaneamente, causando uma cura, instantânea, aparente. O resto, se eu conheço bem a criatura humana, acontecerá naturalmente.

- Não entendi, disse Gonçalves. O senhor pode explicar melhor?

- Fácil, meu querido, muitas pessoas não entendem o processo da mediunidade, não compreendem que os passistas são simples instrumentos, embora haja sempre uma parcela do magnetismo humano, e por desejarem agradecer os recursos recebidos, logo, logo o endeusamento baterá às portas das salas de fluidoterapia, fazendo com que os passistas disputem entre si, quem dispõe de maiores recursos magnéticos.

- Ah!... Mestre! O senhor é um gênio!

- Gonçalves, alertou o obsessor chefe, preste bastante atenção: uma vez dentro da Instituição todo cuidado é pouco. É provável que não veremos as entidades superiores laborando naquela Casa, provavelmente sentiremos certo desconforto psíquico, pelo contraste das nossas vibrações. Dos cooperadores espirituais que pudermos enxergar por trabalharem intimamente ligados à nossa esfera de atuação, com objetivo de arrebatar muitos dos nossos, evite fixar-lhes o olhar, pois vibrações amorosas tentarão nos retirar do caminho. E se, porventura, lhe agarrarem, evite pensar naqueles que você amou um dia, não se contamine com a fraternidade e muito menos deixe se tocar pelas palavras doces e afetuosas que nossos adversários certamente tentarão nos transmitir. Se uma fraqueza qualquer o envolver, chame por mim. Você, ainda que com suas dificuldades no campo do intelecto, é por demais valioso, além de guardar informações confidenciais deste nosso processo, e não desejo que o inimigo saiba de nossos planos mais íntimos.

Desta maneira, vigia as emoções!

Tendo se dirigido para as portas da instituição, verificaram a proteção e a organização da Casa, aguardando que os trabalhadores encarnados com quem se afinizavam se apresentassem para o trabalho. Foi nesse período que Maria Souza, tarefeira da fluidoterapia, adentrou o Centro, autorizando, pelos seus pensamentos e sentimentos pedantes, a entrada dos representantes da maldade no núcleo cristão. Estes, imantados à servidora vaidosa, tomavam as providências necessárias para a continuidade das infiltrações.

As entidades superiores sabiam de tudo e os acompanhavam discretamente sem que, no Centro, os inimigos da verdade pudessem percebê-las, permitindo, assim, a entrada “livre”, porém, monitorada de Júlio César e Gonçalves que, para os trabalhadores da Casa Espírita, se converteriam em elementos de provas no campo dos ensinos de Jesus.

Penetrando a sala cujas atividades eram de assistência espiritual, os malfeitores notaram a diferença fluídica, as vibrações evidenciavam respeito e tranquilidade.
No aspecto físico, disciplina e seriedade dominavam o coração da maioria dos trabalhadores. Entidades amigas, quais enfermeiros espirituais, ladeavam os passistas a fim de ajudá-los na transmissão de energias refazedoras, num trabalho cristão e anônimo.
Maria Souza desenvolvia vontade sincera em ajudar, mas o sonho de ser uma grande magnetizadora, uma extraordinária médium de cura, atrapalhava-lhe as boas disposições, pois o pedantismo lhe anulava as melhores intenções, impedindo-lhe a produção de sentimentos sublimes, ficando no comum das pessoas, sobrecarregando a equipe espiritual, que, aproveitando apenas alguns poucos recursos magnéticos, fazia todo o trabalho.
Iniciada a sessão de passes, uma senhora curvada, gravemente envolvida por uma turba de obsessores, sentou-se com muita dificuldade na cadeira onde Maria haveria de ministrar a fluidoterapia. Os amigos espirituais envolveram quanto possível os obsessores, recolhendo-os amorosamente para o socorro devido, contudo, outros, mais endurecidos, permaneciam ligados à enferma por estarem profundamente comprometidos com o seu passado delituoso. A assistida somente se libertaria por completo através do esforço íntimo, pela transformação moral à qual, em verdade, não se dedicava.

Júlio César, analisando as vibrações do coordenador daquele caso, notou pertencer à sua categoria espiritual e, após as conversações preliminares, acrescentou:

- O camarada certamente me conhece, não?

- Claro, Júlio César, claro! O que quer de mim?

- Pequenos favores.

- Favores? De graça?

- Não, meu amigo, será recompensado, digamos que será troca de gentilezas.

- Pode dizer o que é?

- Preciso que você e sua equipe abandonem esta mulher.

- O quê? Nunca!

- Será momentâneo, é pela nossa causa. Conhece meus superiores! Em nome deles, estou me empenhando na destruição deste Centro e preciso de sua...

- Ah! Por que não disse antes? E para destruir esta Casa maldita? Então, tem todo meu apoio. Graças a este terrível templo de amor não consegue concluir o meu plano. Se esta criatura continua em pé, é por causa destas energias e das preces que tem recebido desta odiosa instituição. Júlio, meu caro, terá toda minha ajuda.
Ficaremos longe dela vejamos seis meses, está bem? Nenhum dia a mais, está ouvindo?

Mas em troca, continuou o obsessor mercenário, após o vencimento deste prazo, você me cederá vinte trabalhadores seus bem treinados, pelo tempo equivalente à minha ausência junto a esta infeliz. O que me diz?

- Negócio fechado, finalizou o arquiteto da maldade.

Enquanto o passe era transmitido, os espíritos perseguidores daquele caso saíam silenciosamente.
Os amigos espirituais atentos, também se retiraram discretamente, aproveitando a trégua interesseira dos malfeitores, para tentar liberta-los da ideia de maldade e vingança. Mobilizaram, então, equipes socorristas, conseguindo encaminhar muitos adversários para o intercâmbio espiritual.
Porém, a mulher que adentrou a sala, curvada, recuperava a postura correta como que de imediato, readquirindo certa vitalidade. Quando se viu liberta daquelas influências, num desejo de agradecer, agarrou a mão da passista, beijando-a e lançando estas palavras de gratidão:

- Deus abençoe a senhora! Sua mediunidade é fantástica, agora eu sei! Estou livre, você é uma santa! Estas atitudes da assistida romperam as normas de silêncio e discrição que a Casa Espírita solicitava, tumultuando momentaneamente o trabalho. O dirigente encarnado aproximou-se contendo os excessos, imprimindo ordem e disciplina no ambiente.
Júlio César acompanhou o trabalho de Maria Souza durante várias semanas, fazendo com que casos semelhantes a estes fossem repetidos; para isso oferecia cargos, favores e retribuições aos obsessores, provocando nela a certeza de que finalmente havia desenvolvido a faculdade de cura.
Em pouco tempo, certos cooperadores deixaram-se envolver e contaminar pelo ciúme, inveja e intolerância!
Maria Souza tornara-se valioso instrumento de atuação do obsessor chefe que a envolvia nestes pensamentos:

- Você, realmente, é médium de cura e eu sou o seu médico, seu mentor!

Estamos nos colocando à disposição para um novo trabalho nesta Casa, desejamos desenvolver aqui grandes trabalhos de cirurgia espiritual, você será famosa, seu nome será divulgado largamente e todos haverão de respeitá-la.
Entretanto, muitos invejosos desejarão tirá-la da missão, por isso afaste-se daqueles que quiserem analisar as suas produções. No resto, conta conosco.
A “médium curadora”, contaminada pela presunção, já espalhava aqui e acolá, suas novas “capacidades” e em pouco tempo os assistidos já disputavam uma vaga junto à sua cadeira para receber os passes “curadores”.
Na sala, a competição estava instalada. Vários companheiros invigilantes caíram na armação das trevas, esquecendo-se de que o trabalho em qualquer área solicita discrição e fraternidade.
Alguns se perdiam na indignação, afirmando que a “curadora”, na realidade, era anímica, vaidosa, orgulhosa e deveria ser banida do grupo.
Outros formavam pequenos grupos em favor da passista fascinada. Além das fofocas que percorriam, a galope, os corredores.
Era o início de uma séria perturbação espiritual, que daria muito trabalho à diretoria doutrinária do centro.
Espiritualmente, Júlio César permanecia eufórico, porque agora já havia lançado dúvidas e problemas em dois importantes departamentos.
O processo dedicado à destruição da Casa Espírita prosseguia. Os instrutores espirituais do agrupamento cristão permaneciam atentos, acompanhando o caso de infiltração, respeitando, contudo, o livre-arbítrio dos trabalhadores encarnados, ensejando-lhes a oportunidade de colocar em prática os ensinos cristãos.

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